Descubra o que é o Estafilococos aureus MRSA e porque ele causa tanta preocupação no meio médico.
O Staphylococus aureus ou Estafilococos aureus é uma das bactérias mais comuns na prática médica e costuma colonizar a pele de até 1/3 dos seres humanos. A colonização por si só não causa problemas, mas facilita a contaminação de feridas da pele e com isto, o desenvolvimento de infecções por Staphylococus aureus. (leia: TRATAMENTO DE FERIDAS E MACHUCADOS para saber como a pele é o nosso maior órgão de defesa). Pessoas saudáveis podem ter a bactéria na pele e não desenvolver nenhuma doença por conta disto.
O estafilococo junto com o estreptococo são as 2 classes de bactérias mais associadas a infecções na pele. A mais comum é o furúnculo e a celulite (em medicina celulite é a infecção do tecido subcutâneo semelhante a erisipela, e não a famosa pele em casca de laranja que tanto incomoda as mulheres). O infecção estafilocócica através de uma porta de entrada na pele, pode alcançar a corrente sanguínea e causar infecções graves como endocardite, osteomielite, pielonefrite e pneumonias, sendo uma causa importante de infecções graves e sepse (leia: O QUE É SEPSE / SEPSIS E CHOQUE SÉPTICO ? )
As infecções por Estafilococos aureus são tratadas classicamente com derivados da penicilina.
Ultimamente, um subtipo de Staphylococus aureus chamado de MRSA tem ganhado muito destaque na mídia, geralmente com textos alarmistas e cheio de erros de conteúdo.
Então, afinal, o que é o Estafilococos aureus MRSA ?
A sigla MRSA que dizer Methicillin-resistant Staphylococcus aureus ou em português, Staphylococcus Aureus Resistente à Meticilina.
A meticilina é um antibiótico da família das penicilinas. O MRSA é portanto, um Staphylococus resistente ao tratamento convencional através das penicilinas. A primeira descrição de MRSA é de 1959, logo após a invenção da meticilina. Com o uso cada vez mais difundido de antibióticos, as infecções por MSRA têm sido cada vez mais frequentes em todo mundo.
O Staphyloccus aureus MRSA não é mais agressivo do que o Staphylococus não MRSA. O seu problema está nas opções reduzidas de antibiótico e não na virulência da bactéria.
A transmissão é feita pelo contato entre pessoas, principalmente através das mãos. Isto é um grande problema no meio hospitalar onde os profissionais de saúde têm contato com vários doentes no mesmo dia, podendo levar o MRSA de um para outro. O simples ato de lavar as mãos após examinar os pacientes diminui muito o risco de transmissão da bactéria.
Em geral, o doente hospitalizado com MRSA é colocado em isolamento de contato (uma espécie de quarentena) para evitar propagação da bactéria. Pessoas saudáveis não desenvolvem nenhuma doença se tiverem contato com pacientes infectados ou colonizados por MRSA, como por exemplo os familiares que visitam o hospital. Mas para o doente da cama ao lado essa contaminação pode ser fatal.
O MRSA é uma bactéria tipicamente de hospital, mas pode ocorrer na comunidade também. Neste caso costuma responder a um espectro mais amplo de antibióticos alternativos, sendo de mais fácil tratamento. A transmissão do S.aureus MRSA pode ocorrer em academias, após uso conjunto de toalhas, roupas, uniformes e inclusive escova/pente de cabelo.
O tratamento do MRSA hospitalar é feito com antibióticos potentes como Vancomicina e Teicoplamida. O problema é que alguns hospitais já apresentam casos de MRSA resistente também a Vancomicina.
Não há necessidade de se tratar ou investigar familiares de doentes com MRSA. Bastam os cuidados básicos de higiene, principalmente se houver alguma lesão na pele que sirva de porta de entrada para a bactéria. Como eu já escrevi, o risco de doença por MRSA em pessoas saudáveis é muito baixo. Muitos entram em contato com o MRSA mas não ficam colonizadas porque a bactéria não consegue se fixar devido a competição por alimento com as milhões e milhões de outras bactérias já existentes na pele.
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