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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Verrugas

Verrugas plantares:


As verrugas são lesões da pele e mucosas adjacentes produzidas pelo vírus do papiloma humano (VPH) de que se conhecem mais de 80 tipos. Há alguma relação entre estes tipos virais e a localização, morfologia e evolução das lesões.



Existem várias formas clínicas de verrugas que se distinguem pela localização e/ou morfologia:



- Verrugas vulgares - Lesões salientes, de superfície rugosa, por vezes espiculada, em regra com poucos milímetros de diâmetro. Podem agrupar-se e localizam-se em qualquer ponto da pele, mas têm predilecção por algumas áreas como o dorso das mãos, dedos, muitas vezes nas regiões peri-ungueais e sub-ungueais, dorso dos pés, joelhos, cotovelos e couro cabeludo.
- Verrugas planas - Também discretamente salientes, têm superfície plana, cor acastanhada e dimensões inferiores às anteriores. Aparecem na face, pescoço, dorso das mãos e joelhos. Nalguns casos distribuem-se ao longo duma escoriação linear.
- Verrugas filiformes - Longas, finas e implantadas numa base minúscula, observam-se na face e pescoço.
- Verrugas plantares - Têm o aspecto de pequena formação encastoada na planta do pé, sobretudo nas áreas de pressão. São dolorosas e frequentemente identificadas como calosidades.
- Verrugas anogenitais - Localizam-se nos orgãos genitais, região peri-anal e anal e nas áreas próximas. São lesões salientes, quase sempre maceradas e superfície rugosa. Nalguns casos confluem e formam volumosas massas com aspecto de couve-flor. São também designadas por condilomas acuminados ou verrugas venéreas.

As verrugas ocorrem ainda noutras mucosas, nomeadamente na boca, vias respiratórias e colo do útero.

A transmissão do VPH só é possível, em regra, quando há soluções de continuidade traumáticas da parte superior da epiderme, maceração, ou ambas, como acontece nos pés de frequentadores de piscinas, nas regiões peri-ungueais em pessoas com o hábito de roer as unhas, em crianças que "chucham" nos dedos, nas áreas barbeadas, em profissões que mantêm as mãos molhadas por períodos prolongados e nas mucosas genitais, especialmente quando há exsudação persistente que leva à maceração. A infecção é favorecida por estados em que a imunidade está deprimida, como acontece em transplantados submetidos a terapêutica imunossupressora e doentes infectados com o vírus da imunodeficiência humana.


Uma vez entrado, o vírus parasita as células da epiderme, multiplicando-se nas camadas mais superficiais. Estudos experimentais demonstram que é capaz de aumentar a multiplicação celular, o que explicará a formação das verrugas, caracterizadas por enorme aumento da proliferação das células epidérmicas. Após a infecção a verruga pode levar 2 a 9 meses, e até mais, a manifestar-se.
A idade de maior prevalência das verrugas é entre os 12 e os 16 anos, mas observam-se, com frequência variável, em todos os grupos etários.

Embora a maioria das infecções pelo VPH estejam associadas com lesões benignas, um pequeno número sofre transformação maligna. Tal verifica-se sobretudo numa doença rara, determinada geneticamente, chamada epidermodisplasia verruciforme (EV). Na ausência de EV a evolução maligna das verrugas ocorre, esporadicamente, em duas situações: no colo do útero e nos condilomas genitais gigantes.


As verrugas do colo do útero são frequentemente determinadas pelos tipos 6, 11, 16, 18, 31 e 33. A infecção pelos quatro últimos está associada a evolução para tumores do colo, embora não se conheça o risco relativo de tal se verificar.
Nalguns doentes, por razões que se desconhecem, desenvolvem-se verrugas anogenitais exuberantes, designadas por condilomas gigantes ou tumores de Buschke-Lowenstein, que correspondem muitas vezes a tumores malignos.

A decisão de tratar as verrugas e a atitude a tomar deve ter em conta alguns dados:


Uma boa parte das verrugas são lesões benignas com tendência para a cura espontânea.
O tratamento, duma maneira geral, é pouco satisfatório, com possibilidade de não ter êxito, ou não evitar o reaparecimento das lesões.
Certas terapêuticas são dolorosas e, pelo menos temporariamente, incapacitantes.
Há algum risco de deixar sequelas definitivas quando se tomam atitudes agressivas.
É ao médico que compete avaliar a situação e optar pela decisão mais adequada quanto à realização, ou não, da terapêutica e à sua escolha. Deve considerar-se a idade do doente, o desejo de se tratar, a profissão, a duração das lesões e o estado imunológico. Duma maneira geral, o tratamento é feito quando há dor, prejuízo funcional, prejuízo estético, ou capacidade de se originarem tumores.

Os tratamentos para as verrugas, gerais ou locais, são múltiplos, o que significa que nenhum tem eficácia muito grande. A terapêutica geral está indicada na EV, nas verrugas vulgares múltiplas e disseminadas e nos condilomas anogenitais volumosos e recidivantes. Os fármacos mais usados são derivados da vitamina A, nomeadamente o etretinato e a acitretina, e o interferão. A eficácia é irregular.

Os tratamentos locais consistem na destruição das lesões por meios físicos ou químicos. Destacam-se:

Aplicação de cáusticos - Feita com os ácidos azótico ("água forte"), sulfúrico, ou tricloracético, foi muito popular pela sua eficácia. Deve ser evitada porque deixa quase sempre cicatrizes definitivas.

Aplicação de ceratolíticos - Praticada sobretudo com ácidos salicílico e láctico, compostos que destroem a substância córnea, constituinte importante das verrugas.

Aplicação de citostáticos - Os mais usados são o podofilino, a cantaridina e o 5-fluoruracilo, medicamentos que impedem a multiplicação celular característica do processo de formação das verrugas.

Electrocirurgia - Consiste na passagem de correntes eléctricas de alta frequência através das lesões, o que eleva a temperatura local, com evaporação da água dos tecidos e carbonização da matéria orgânica.

Criocirurgia - Arrefecimento das lesões, através do contacto com azoto líquido ou "neve carbónica", até temperaturas muito baixas que levam à morte das células que as constituem.

Cirurgia - Consiste em fazer a curetagem das verrugas usando uma colher de raspagem cirúrgica.

Laserterapia - A absorção da energia electromagnética dos raios laser ocasiona subida da temperatura, com evaporação da água e carbonização das substâncias orgânicas.

Outras técnicas - Existem muitas outras técnicas menos usadas e de eficácia discutível, como os banhos em soluto de formalina, para o tratamento das verrugas plantares muito numerosas, as injecções sublesionais de solutos oleosos e anestésicos também nas verrugas plantares, a psicoterapia, etc.. Poucas doenças do foro da Dermatologia terão tido tantos tratamentos de origem popular e índole folclórica como as verrugas.

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