A ilustração acima serve para lembrar que, antes de pensarmos nas “novas” vacinas, devemos fazer com que as nossas crianças cumpram o Calendário Nacional de Vacinação, que, curiosamente, é um dos melhores da Europa. Isto é, na ânsia de procurar as novidades, a alguns esquecerá que o mais importante, em termos de vacinação, está contemplado no Plano Nacional, que é gratuito.
Difteria
A DIFTERIA, conhecida vulgarmente como crupe, provoca uma doença bacteriana altamente contagiosa que começa com uma infecção na garganta e pode progredir rapidamente causando problemas respiratórios, cardíacos e neurológicos. Em casos mais graves, a difteria pode ser fatal.
Tétano
O TÉTANO é causado por uma bactéria que pode ser encontrada no solo, fezes, pedaços de madeira e de metais. Geralmente entra no corpo através de um corte ou de uma ferida contaminada. Mesmo os pequenos cortes causados pelas brincadeiras do seu filho podem vir a infectar. O tétano é uma doença grave que afeta os músculos provocando espasmos musculares dolorosos e-pode, freqüentemente, causar problemas respiratórios e morte.
Coqueluche
A COQUELUCHE é uma doença bacteriana altamente infecciosa que provoca um extremo desconforto. As crianças ficam exaustas devido aos longos acessos de tosse seguidos freqüentemente de vômitos. É particularmente grave nas crianças com menos de um ano de idade.
Hepatite B
A HEPATITE B é uma infecção viral do fígado e afeta pessoas em todo o mundo, sendo responsável por cerca de 1 milhão de mortes por ano. A transmissão do vírus é extremamente fácil e ocorre através de líquidos corporais contaminados, principalmente do sangue. Em lactentes e crianças, a hepatite B geralmente é assintomática. Porém até 90% dos recém-nascidos infectados tornam-se portadores crônicos do vírus da hepatite B, podendo desenvolver graves doenças hepáticas.
Hib
Hib
Conhecida como Hib, o Haemophilus influenzae tipo b causa infecção generalizada, pneumonia, celulite e epiglotite aguda entre outras doenças. É a bactéria que com maior freqüência causa meningite bacteriana em crianças com menos de 5 anos de idade. A vacina é a principal inimiga do Hib, pois, nas doses recomendadas, impede que a criança desenvolva doenças invasivas causadas por essa bactéria.
Poliomielite
Responsável por uma doença grave, o vírus da poliomielite tem três tipos: 1, 2 e 3. Todos os casos de poliomielite relatados foram provocados pelo vírus vivo atenuado presente na vacina oral (vacina Sabin tradicional).
De qualquer forma, hoje em dia não é sequer ético não mencionar aos pais ou prestadores de cuidados, a existência de outras vacinas, que devem ser prescritas/administradas conscientemente, tendo em conta factores tão variados que vão da idade da criança até ao preço versus a eficácia da vacina em questão.
Assim sendo, falemos um pouco das “novas vacinas”, ie, aquelas que têm de ser adquiridas na farmácia, muitas delas não comparticipadas pelo estado e que podem chegar perto da centena de euros por dose.
VACINA CONTRA O PNEUMOCOCO (PREVENAR)
(Administração aos 2,4,6 meses com reforço aos 18 meses)
A polémica tem acontecido, trazida por questões que me parecem predominantemente economicistas, na tentativa de diminuir o valor/interesse desta vacina que protege contra 7 serótipos de pneumococos. Se é certo que tem diminuído a incidência de casos graves de doença provocada por pneumococo, certo é, também, que tal se deve à vacinação. Se fizermos uma comparação, os pediatras já não vêem casos de sarampo há alguns anos; porquê? Porque a vacinação tem sido eficaz. Resumindo: se há menos casos de doença pneumocócica (meningite, sépsis, otite, pneumonia), é porque a vacina está a fazer bom trabalho! Urge continuar a vacinar as nossas crianças com Prevenar! E o governo que reflita da necessidade de introduzir a vacina no PNV!
VACINA CONTRA A HEPATITE A
(Esquema de 2 doses, separadas por 6 a 12 meses)
Não tem indicação universal. Mas, como costumo dizer, a Hepatite A é uma forma de Hepatite, portanto, potencialmente perigosa.
Sendo a transmissão da doença fecal-oral, se não houver outros factores de risco, devem vacinar-se todas as crianças por volta dos 2 a 2,5 anos de idade, altura de início de controle de esfíncteres e, portanto, de aumento do risco de infecção por cuidados de higiene menores inerentes às crianças pequenas ávidas de autonomia.
VACINA DA GRIPE
Da vacinação da gripe, é sempre importante falar “ano a ano”. As indicações, em termos de saúde pública, por vezes mudam, dependendo do tipo de surto esperado para o ano em causa.
De referir apenas que as crianças, por si só, não são grupo de risco, portanto não têm indicação específica para serem vacinadas (excepto os casos de doenças crónicas, etc, casos específicos a definir pelo Pediatra). É verdade que todos gostamos de ver os nossos filhos protegidos! Mas o que talvez muitos não sabem é que, de acordo com as estirpes de vírus isoladas para o ano em curso, cada país tem, de acordo com a OMS uma “quota” de nº total de vacinas para essa época. Isto é, se as vacinas da gripe esgotarem porque se foram prescrevendo a grupos de baixo risco, pode ser que alguém que muito precisa de ser vacinado fique sem o ser… Isto, para além de uma questão de saúde pública, é também uma questão de consciência.
E já agora : lembrar que o pico da gripe vai de Dezembro a Março… por isso, a “histeria” da procura da vacina em Setembro não se justifica
VACINA CONTRA O ROTAVÍRUS
(2 ou 3 doses, dependendo do laboratório, sendo a primeira administrada obrigatoriamente até às 12 semanas)
Alguma controvérsia acerca desta vacina tem muito a ver com o timming de aplicação. Realmente verificou-se um aumento da taxa de Invaginação Intestinal (problema intestinal grave) nas crianças vacinadas após as 12 semanas de idade, daí o limite.
É uma vacina de vírus vivos atenuados, com um número e tipo de serótipos que ainda aguarda averiguação de prevalência em Portugal.
Recomendação: caso a caso.
VACINA DA VARICELA
(Dose única; 2 doses?)
A vacina da varicela é outra que “põe os cabelos em pé” aos especialistas em saúde pública quando confrontados com as prescrições dos pediatras.
A vacina é eficaz. Mas como a vacinação não é universal (não está no Plano), o efeito mais imediato é o de atrasar a média de idades em que a doença naturalmente se apanha. De forma simplificada: se o meu filho anda no infantário onde um quarto das crianças estão vacinadas contra a varicela, ele vai ter menos um quarto de probabilidades de ter a doença; assim sendo, te-la-á, talvez na escola primária. Se na primária acontecer o mesmo, talvez só apanhe na adolescência… E nós sabemos que, quanto mais tarde se apanha a “varicela selvagem”, mais complicada ela é, mais forte e difícil de ultrapassar se torna. Por isso a Direcção Geral de Saúde não recomenda a vacinação contra a varicela, até que a vacina seja incluída no PNV. Eu pergunto: e isso será quando? Se pudermos vacinar, vamos deixar as nossas crianças à espera??
Nota: a Vacina da Varicela é eficaz em caso de contacto com a doença, se administrada nas primeiras 72h após este contacto.
VACINA CONTRA O PAPILOMA VÍRUS HUMANO
(3 doses)
Falo desta vacina pela importância que tem/terá a longo prazo, pois ela já começou a ser introduzida no PNV. Em 2008 foram vacinadas as raparigas nascidas em 1995. E o esquema proguedirá, para a frente e para trás nos anos, por forma a abranger todas as meninas pré-adolescentes num espaço relativamente curto de tempo.
De atentar que esta é uma vacina contra uma doença sexualmente transmissível, por isso o risco de contrair a doença é dos/das jovens sexualmente activas. Penso que o nosso papel passa também por aqui, explicando-lhes que, se existe risco e existe vacina, devem tentar “esperar” até serem vacinadas… (uma técnica de abordagem de adolescente pouco ortodoxa mas… e espero que entendam… em certas circunstâncias, tudo é válido!)
ALGUMAS SUGESTÕES PARA O MOMENTO DA VACINAÇÃO
Aqui vão alguns conselhos para o/a acalmar e ajudar a acalmar o seu filho ou filha durante a vacinação:
* Mantenha-se calmo/a. Tente manter-se descontraído/a e calmo/a enquanto estiver na sala de espera, pois as crianças conseguem sentir quando o pai ou a mãe estão preocupados. Se estiver, de facto, um pouco nervoso/a, respire fundo algumas vezes.
* Distraia a sua criança. É boa ideia levar consigo um brinquedo ou livro de histórias para o Centro de Saúde ou Consultório. Enquanto o Enfermeiro ou Médico estiver a administrar-lhe a vacina, cante baixinho ou leia-lhe com voz suave e reconfortante. Caso não tenha livro ou brinquedo, conte-lhe uma história, faça caretas, brinque com qualquer coisa que faça sorrir.
* Mantenha-se perto. Peça para segurar a sua criança ao colo ou fazer-lhe festas nas costas durante a vacinação. O toque meigo e familiar pode fazer milagres!
* Não tenha pressa. Se a sua criança estiver irritada depois de tomar a vacina, deixe-a acalmar-se durante alguns minutos, antes de sair do Centro de Saúde ou Consultório. Desta forma, a probabilidade de ter receio de voltar, diminuirá.
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