Gripes e Constipações
Prevenção e Tratamento
A constipação comum e a gripe, embora causadas por vírus diferentes, são ambas doenças do foro respiratório. Porque ambas apresentam sintomas muito semelhantes, pode ser difícil a sua diferenciação baseada apenas nas queixas do doente. No entanto, de uma maneira geral, a gripe é mais grave do que a constipação comum e os sintomas são mais intensos na primeira. Assim, existem algumas diferenças na sintomatologia que podem ajudar o doente a perceber qual a doença em causa.
A constipação comum apresenta-se frequentemente com dor de garganta, congestão nasal, espirros e tosse com expectoração, enquanto calafrios, cansaço, dores musculares, dor de cabeça e febre são menos frequentes. Estes sintomas aparecem gradualmente, normalmente num período de alguns dias. O doente começa por sentir dor de garganta, que acaba por desaparecer após 1 ou 2 dias. Congestão e corrimento nasais surgem depois, acompanhados de tosse, e duram 4 a 5 dias. Inicialmente as secreções nasais são líquidas, tornando-se depois num muco espesso e mais escuro. Os sintomas duram cerca de uma semana.
A gripe, pelo contrário, causa frequentemente calafrios, cansaço intenso, dores musculares, dor de cabeça e febre alta (39o C), sendo menos comum o aparecimento de dor de garganta, congestão nasal ou espirros. A tosse é habitualmente seca. Os sintomas da gripe surgem rapidamente, num período de 3 a 6 horas, e duram entre 1 a 2 semanas. Além disso, a gripe, por causar maior debilitação do que a constipação, pode enfraquecer as defesas do organismo e causar outras doenças mais graves, como a pneumonia, e também outras infecções, tais como sinusite, otite, e bronquite. As pessoas com mais de 65 anos e crianças muito pequenas têm maior probabilidade de desenvolver complicações de uma gripe. Também os doentes com asma, bronquite crónica ou insuficiência cardíaca estão em risco de agravar a sua condição crónica ao contrair uma gripe.
Tanto a constipação comum como a gripe devem ser tratadas com vista a aliviar os sintomas, enquanto o nosso corpo combate a infecção viral. As medidas gerais incluem: repouso (principalmente se existir febre); ingestão de muitos líquidos, tais como água e sopa rala, porque estes evitam a desidratação e ajudam a expulsar o muco nasal e/ou a expectoração; limpeza do nariz com soro fisiológico, para ajudar a libertar o muco nasal; evitar o fumo do tabaco.
Estas medidas ajudam o organismo a lutar contra o vírus e, assim, aceleram o processo da cura. Alguns medicamentos podem ajudar a controlar os sintomas e a conseguir algum conforto para o doente. Estes consistem em: analgésicos, para aliviar as dores (de garganta, de cabeça ou musculares) e baixar a febre (por exemplo, o paracetamol, aspirina ou ibuprofeno); antitússicos, que param a tosse e só devem ser tomados se esta for seca (não devem ser tomados quando a tosse tem expectoração); expectorantes, que ajudam a soltar o muco para que este saia mais facilmente com a tosse, no caso de ser acompanhada de expectoração muito espessa; descongestionantes nasais, que ajudam a desobstruir o nariz, ajudando a respirar (no entanto estes não devem ser utilizados durante mais do que alguns dias).
Os antibióticos destinam-se a infecções bacterianas e não virais, pelo que nunca devem ser tomados em caso de constipação ou gripe, uma vez que não terão qualquer efeito ou podem mesmo, em determinadas situações, agravar o estado do doente. As medidas gerais e estes medicamentos, de venda livre nas farmácias, ajudam a controlar os sintomas e, ao fim de 1 a 2 semanas, estes deverão ter desaparecido.
No entanto, em algumas situações mais graves poderá ser necessário recorrer ao médico. Este deverá ser contactado em caso de: nas crianças, febre superior a 39,5o C ou que dura mais de 3 dias; sintomas que duram mais de 10 dias; dificuldade em respirar; respiração rápida ou pieira; pele de cor azulada; dor ou corrimento no ouvido; alterações do estado mental (como sonolência intensa, irritabilidade ou convulsões); sintomas de gripe que melhoram mas depois voltam com febre e tosse mais graves; agravamento de uma doença crónica (como diabetes ou doença cardíaca); vómitos ou dor abdominal.
Nos adultos, febre alta (superior a 39o C) e prolongada; sintomas que duram mais de 10 dias ou agravam em vez de melhorar; dificuldade em respirar; dor ou pressão no peito; sensação de desmaio; confusão ou desorientação; vómitos graves e persistentes; dor na face ou dor de garganta e febre sem outros sintomas de gripe.
O que fazer para prevenir a constipação e a gripe?
Como em qualquer situação, prevenir é melhor do que remediar. Assim, existem também medidas que podem ser tomadas com vista a prevenir quer a constipação quer a gripe. Lavar as mãos frequentemente reduz o risco de transmissão de germes. Uma alimentação saudável, exercício físico regular e um sono reparador também desempenham um papel importante na prevenção da gripe e da constipação, porque ajudam a fortalecer o nosso sistema imunitário.
A vacinação é um ponto importante na prevenção da gripe. Existem mais de 200 vírus diferentes que podem causar a constipação, e, por essa razão, não existe uma vacina contra a constipação. Já a gripe é causada pelo vírus influenza, estando portanto disponível uma vacina contra a gripe.
A vacina em si não causa a doença, e mesmo os indivíduos vacinados podem vir a contrair gripe. No entanto, nesses casos, os sintomas são menos graves e a vacina protege contra as complicações da gripe em idosos, crianças ou doentes crónicos já explicadas acima.
Qualquer pessoa pode receber a vacina da gripe; no entanto existem alguns grupos considerados em risco e nos quais a vacina é aconselhada: todas as pessoas com idade superior a 60 anos; adultos portadores de doenças crónicas (mesmo se grávidas ou a amamentar); sem-abrigo; co-habitantes com pessoas de alto risco; diabéticos; doentes com cancro, infecção pelo HIV ou medicados com corticosteróides, quimioterapia ou radioterapia; residentes em clínicas, com internamentos prolongados, e trabalhadores na área da saúde.
Apesar da eficácia da vacina da gripe, em alguns casos ela está contra-indicada. São eles: pessoas que tiveram uma reacção prévia a esta vacina; pessoas que já tiveram uma reacção alérgica a ovos de galinha, neomicina ou timerosal; indivíduos que tiveram uma doença caracterizada por paralisia, chamada Síndrome de Guillain-Barré, após uma vacina da gripe; pessoas com doença febril no momento; primeiro trimestre da gravidez.
Importa saber...
Em conclusão, os sintomas da gripe e da constipação são semelhantes, mas mais intensos no caso da gripe, podendo esta causar outros problemas mais graves em determinados doentes, se as medidas de prevenção e tratamento não forem tomadas. Ao ter os sintomas, o doente deverá adoptar as medidas mencionadas e contactar o médico apenas em caso de dúvida, persistência ou agravamento dos sintomas. Na maioria dos casos, quer a constipação quer a gripe são tratadas em casa num período de até 2 semanas. Repouso, ingestão de líquidos e, no caso de pertencer a um grupo de risco, vacina contra a gripe são a chave para a prevenção e o tratamento destas infecções respiratórias tão comuns.
Sem comentários:
Enviar um comentário