Candidíase mucocutânea
CAUSAS
A pele e as mucosas digestivas e genitais do ser humano albergam pequenas quantidades de Candida albicans, um fungo microscópico muito comum na natureza. Em condições normais, estes fungos não penetram na pele, nem no interior das mucosas. Todavia, em muitos casos, estes fungos ultrapassam, por várias razões, estas barreiras protectoras naturais do organismo, reproduzem-se e originam as manifestações que caracterizam a candidíase.
Candida albicans |
Existem vários factores que favorecem a reprodução destes microorganismos e, consequentemente, aumentam o risco de desenvolvimento de uma candidíase.
Por um lado, tanto o calor como a humidade ambiental, e os consequentes suores, constituem um meio ideal para a reprodução destes microorganismos, o que justifica o facto de a candidíase ser mais comum em climas quentes e húmidos, nomeadamente em pessoas que, dada a sua actividade habitual ou profissional, estão em permanente contacto com a água, como é o caso das donas de casa, dos pescadores, dos cozinheiros, dos empregados de restauração e de lavandarias.
Existem igualmente algumas alterações hormonais que afectam as mulheres que favorecem a reprodução destes fungos, propiciando o aparecimento da doença durante a gravidez, alguns dias antes da menstruação ou nas mulheres que tomam determinados contraceptivos orais.
Por último, outros factores que favorecem o desenvolvimento deste problema são a diabetes, as doenças e circunstâncias que debilitam o sistema defensivo e a administração de vários tipos de antibióticos.
TIPOS E MANIFESTAÇÕES
As manifestações e a evolução da doença dependem da localização da infecção. Os fungos podem estabelecer-se e multiplicar-se em praticamente qualquer parte da superfície cutânea e numa grande variedade de mucosas. Todavia, como o fazem quase sempre em determinadas áreas concretas, originam uma série de tipos ou infecções específicas.
Candidíase oral ou muguet. Este tipo de candidíase manifesta-se através do aparecimento de pequenas placas de tonalidade vermelha no interior da cavidade oral, nomeadamente nas bochechas, gengivas, abóbada palatina, língua ou zona sublingual. À medida que as placas vão crescendo, vão-se unindo entre si e formando lesões mais extensas, que adquirem uma consistência cremosa e revestem-se de uma camada de tonalidade branca que, caso se desuna, evidencia uma superfície subjacente de cor vermelha brilhante, que sangra com facilidade. Embora estas lesões não tenham a tendência para produzir sinais e sintomas, por vezes, originam um certo ardor, ou até mesmo dor, sobretudo quando são muito extensas e entram em contacto com alimentos ácidos, picantes ou muito salgados. Esta forma de candidíase costuma curar-se, na maioria dos casos, de forma espontânea ou ao fim de uma semana, com o tratamento adequado. É preciso referir que o muguet é particularmente frequente nos bebés, apesar de afectar igualmente os adultos, sobretudo perante os factores de predisposição anteriormente mencionados.
Queilite angular. Este tipo de candidíase manifesta-se através do aparecimento de uma área vermelha e de fendas nas comissuras dos lábios, sendo muito comum na infância e nos adultos com próteses dentárias mal ajustadas. Embora as lesões normalmente não provoquem sinais e sintomas, caso não sejam devidamente tratadas, podem persistir durante longos períodos de tempo.
Intertrigo. O intertrigo é o tipo de candidíase que surge quando a candidíase afecta as pregas da pele onde o suor se acumula, um fenómeno que ocorre em particular nas axilas, Virilhas, no interior das nádegas, por baixo dos seios e, nas pessoas obesas, nas pregas abdominais. A doença manifesta-se através de ardor e vermelhidão na zona afectada, que se reveste de pequenas vesículas e pústulas que acabam por se romper e se unir entre si, provocando a formação de placas vermelhas e brilhantes, na maioria dos casos com fissuras dolorosas. Caso o problema não seja oportunamente tratado, as lesões têm a tendência para se disseminarem à periferia destas placas, formando vesículas e pústulas que iniciam um novo ciclo de expansão da infecção.
Candidíase genital e anal. A candidíase genital evidencia-se na mulher sob a forma de vulvovaginite, através de uma inflamação localizada nos genitais externos e na vagina. As principais manifestações da doença são vermelhidão das mucosas dos órgãos e a formação de uma camada superficial branca, acompanhada pela secreção de um espesso fluxo esbranquiçado e um intenso ardor. Caso não seja devidamente tratada, a candidíase vulvovaginal costuma tornar-se crónica, embora estes casos tenham a tendência para alternar períodos de aumento de intensidade dos sinais e sintomas com outros de relativa ou total acalmia.
Nos homens, a candidíase genital manifesta-se como uma balanite, ou seja, uma infecção da pele que reveste a base do pénis, embora os microorganismos também se possam disseminar e afectar o prepúcio, a glande e a pele que reveste os testículos (escroto). Os homens costumam contrair esta infecção por contacto sexual com outras pessoas infectadas, já que em condições normais estes fungos não se encontram nestes tecidos. Os sintomas costumam manifestar-se um dia depois do contágio e consistem basicamente na vermelhidão e ardor da zona afectada, onde se formam pequenas elevações que se descamam ou sobre a qual crescem vesículas e pústulas características. Em ambos os casos, as lesões apresentam uma típica camada superficial branca. Caso não seja devidamente tratada, a doença tem tendência para se tornar crónica.
A candidíase anal, que tanto pode afectar as mulheres como os homens, manifesta-se através de vermelhidão e ardor da mucosa anal e o posterior aparecimento de vesículas e pústulas e uma eventual formação de fendas ou fissuras anais. Caso não seja devidamente tratado, o problema tem tendência para se tornar crónico.
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