Qual é a temperatura normal do corpo?
"A temperatura corporal normal oscila entre 36 e 37 º.
A temperatura do corpo tem uma variação individual, mudando ao longo do dia (ritmo circadiano). A temperatura atinge o seu ponto mais baixo à noite, durante o sono, e sobe gradualmente até atingir o valor máximo por volta das 17 horas.
Além da flutuação normal dos seus valores, a temperatura também é influenciada pelo exercício físico, pelas refeições e emoções, que a fazem subir."
O que é a febre?
"A febre é uma elevação da temperatura corporal superior a 37,5º (temperatura externa, medida na axila ou na virilha) ou 38º (temperatura interna, medida na boca ou no recto).
Porque a elevação da temperatura do corpo estimula os mecanismos de defesa do organismo, a febre pode considerar-se parte da reacção de protecção contra as infecções ou outros agentes agressores."
O que é a hiperpirexia?
"A hiperpirexia ou hipertermia grave é uma situação que se caracteriza por uma subida da temperatura corporal para valores acima dos 41º centígrados, resultante de um desequílibrio entre a produção e a perda de calor, que atinge principalmente crianças com menos de dois anos de idade, cujos mecanismos de regulação térmica são ainda imaturos.
A hiperpirexia é uma situação grave que se pode acompanhar de alterações neurológicas e deve ser tratada em meio hospitalar. Para a prevenir toda a criança com febre alta deve ser adequadamente tratada, com antipiréticos em dose correcta, administração de líquidos e uso de roupa ligeira em ambiente pouco aquecido."
Quais são as causas da febre?
Como medir a febre?
"A febre é um sintoma que resulta da acção de substâncias diversas, vindas do exterior ou produzidas no próprio organismo, sobre o centro regulador da temperatura corporal que se situa numa zona do cérebro chamada Hipotálamo. A estas substâncias capazes de influenciar o centro termoregulador chamam-se pirogéneos.
A produção de pirogéneos pode resultar de exposição excessiva ao calor (excesso de roupa, sobreaquecimento do ambiente, excessiva exposição ao sol), da existência de uma infecção bacteriana ou viral e de outras situações mais raras como doenças hormonais ou tumores.
Na criança, a febre é um sintoma frequente causado na grande maioria dos casos por infecções de origem viral que são habitualmente doenças auto-limitadas, em que a febre cede ao fim de 3 ou 4 dias sem tratamento específico.
A febre no recém-nascido pode resultar do sobreaquecimento do ambiente (por exemplo causado pela proximidade de radiadores, permanência em carros aquecidos e fechados, etc.) ou por excesso de roupa ou coberturas. Isto sucede porque o recém-nascido tem uma capacidade de sudação diminuída, que o torna mais vulnerável ao excesso de calor, com aumento da temperatura corporal, desidratação e até o aparecimento de convulsões e outras alterações neurológicas."
Como medir a febre?
"A temperatura corporal pode ser medida externamente (temperatura cutânea medida na axila ou na virilha) ou internamente (temperatura das mucosas medida no recto , na boca ou no ouvido).
Para medir a temperatura utiliza-se um termómetro , que pode ser de vidro, com uma coluna de mercúrio ou digital.
O termómetro deve ser bem limpo com um algodão embebido em álcool, antes e depois da cada utilização.
Os termómetros de mercúrio devem permanecer 1 minuto no recto ou 3 minutos na virilha ou na axila. Os termómetros digitais emitem um sinal sonoro quando a temperatura corporal máxima é atingida.
Nas crianças pequenas deve medir-se a temperatura rectal, usando um termómetro de ponta curta , porque os outros têm o risco de partir causando lesões."
Como tratar a febre?
"Dado o seu papel no controlo das infecções, só se deve baixar a febre quando esta ultrapassa níveis que dão mal estar à criança e se podem tornar lesivos para o organismo. Assim, até 38º de temperatura axilar ou 38,5 de temperatura rectal, deve adoptar-se uma atitude vigilante, colocando a criança com roupa ligeira num ambiente pouco aquecido.
São excepção os casos de crianças que sofrem de convulsões febris (em que é necessário um controlo mais rigoroso e precoce da subida térmica para prevenir um episódio convulsivo) ou de doenças cardio-pulmonares graves (porque a febre aumenta o consumo de oxigénio, num organismo em que a oxigenação normal já está comprometida).
Os medicamentos usados para baixar a temperatura corporal chamam-se antipiréticos. Os mais utilizados são o Paracetamol, o Ácido Acetilsalicílico, o Salicilato de Lisina e o Ibuprofen.
O medicamento de primeira escolha para tratamento da febre nas crianças, por apresentar menor risco de efeitos secundários, deve ser o Paracetamol .
O Àcido Acetilsalicílico e o Salicilato de Lisina só devem ser utilizados na idade pediátrica sob indicação médica, para exclusão de determinadas doenças, como a Varicela e a Gripe, em que a administração destes medicamentos pode originar uma complicação grave chamada Síndrome de Rey.
O Ibuprofen, de utilização actualmente muito vulgarizada, deve ser deve ser reservado para complemento da terapêutica com Paracetamol, quando este nas doses aconselhadas não é suficiente para controlar a febre, ou quando é necessário o seu efeito anti-inflamatório adicional. O seu uso no primeiro ano de vida deve ser cuidadosamente ponderado."
Doses usuais dos antipiréticos:
"Paracetamol - 20 a 40 mg/kg/dia (dose total) repartido em 3 doses.
Lactentes – 0 a 12 meses – 125 mg, 1 a 3 vezes por dia (8 em 8 horas)
Crianças – 1 a 5 anos - 250 mg, 1 a 3 vezes por dia (8 em 8 horas)
Crianças - 6 a 14 anos - 500 mg, 1 a 3 vezes por dia (8 em 8 horas)
O Paracetamol existe na forma de supositórios (lactente 125 mg, infantil 250 mg e júnior 500 mg ), xarope (200 mg por 5 ml ) e comprimidos (500 mg).
Àcido Acetilsalicílico – 40 60 mg/Kg/dia (dose total) em 3 a 4 tomas por via oral.
Não deve ser utilizado na forma de supositórios devido à sua absorção irregular.
Salicilato de Lisina – 25 a 50 mg/Kg/dia (dose total) repartidos em 3 a 4 doses.
O Salicilato de Lisina existe em carteiras de pó solúvel em água , leite ou sumos, nas doses de 100 mg, 250 mg e 500 mg por carteira.
Ibuprofen – 10 a 20 mg/Kg/dia (dose total) repartidos em 3 tomas diárias.
Lactentes - 6 a 12 meses - ½ colher medida (2.5ml) 1 a 3 vezes por dia
Crianças - 1 a 5 anos - 1 colher medida (5ml) 1 a 3 vezes por dia
Crianças - 6 a 14 anos - 2 colheres medida (2x 5 ml) 1 a 3 vezes por dia
O Ibuprofen, o Salicilato de Lisina e o Ácido Acetilsalicílico devem ser utilizados com precaução nos doentes com asma."
Que medidas complementares se podem adoptar para tratamento da febre?
"1. Remoção da roupa ou uso de roupa ligeira de algodão;
2. Colocação da criança num ambiente pouco aquecido;
3. Administração de líquidos açucarados para prevenir a desidratação e assegurar um fornecimento adequado de calorias;
4. Banho de água tépida (este recurso só deve ser utilizado se a febre for alta e os outros meios se mostrarem ineficazes para a controlar), não utilizando nunca álcool ou água fria que agravam a vasoconstricção cutânea provocando nova subida térmica."
Quando é que uma criança com febre deve ser observada pelo médico?
"1. Quando um recém nascido tem febre deve ser observado pelo médico pois há um risco maior da febre estar associada a infecções graves; no entanto, as infecções do recém-nascido também podem surgir sem febre ou com diminuição da temperatura corporal, devendo ser valorizados outros sinais como recusa persistente da alimentação, prostração ou a presença de um gemido contínuo.
2. Quando a temperatura é muito elevada e difícil de controlar com os meios usuais.
3. Quando a criança se encontra prostrada e com «ar de doente», mesmo durante os períodos em que a medicação faz baixar a febre.
4. Quando a febre se associa a sintomas como vómitos persistentes, diarreia, manchas na pele ou dificuldade respiratória.
5. Sempre que a febre dura mais que três dias, mesmo na ausência de outros sintomas associados."
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