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sábado, 1 de maio de 2010

Pernas "pesadas"

As pernas pesam?

A sensação de pernas pesadas é muito comum, sobretudo entre as mulheres. Mas não deve ser ignorada, pois é muitas vezes o primeiro sinal de insuficiência venosa.
Quem, por força das suas obrigações profissionais, passa longas horas de pé sabe bem o que é a sensação de pernas pesadas. Sobretudo se houver pouco espaço para as movimentar. É o que acontece a quem trabalha em linhas de montagem ou aos empregados de balcão, por exemplo. E quem desempenha a sua profissão em ambientes muito quentes também está familiarizado com a mesma sensação. Que o digam os cozinheiros ou os trabalhadores de fornos industriais e fundições.

A postura vertical e o calor são, efectivamente, dois factores de risco para o fenómeno conhecido como pernas pesadas. Daí que esta sensação regresse a cada verão - quando está mais quente ou ao fim do dia, as pernas pesam como chumbo e apresentam-se inchadas. Um quadro que se agrava quando a exposição ao sol é intensa e prolongada.

É, pois, muito comum a sensação de pernas pesadas. E, de tão comum, acaba por ser ignorada, mas não deve: é que é o primeiro sinal de insuficiência venosa, uma doença em que as veias não conseguem fazer o seu trabalho, vencendo a lei da gravidade e levando o sangue de volta ao coração.




Vejamos como tudo acontece. No corpo humano, o sangue circula por dois tipos de vasos sanguíneos - as artérias, que levam o sangue enriquecido com oxigénio aos diversos tecidos do organismo, e as veias, que o transportam, carregado de detritos rejeitados pelas células, de regresso ao coração, para ser purificado. Este é um percurso ascendente, a partir dos pés, que se faz com a ajuda de músculos que impulsionam a subida do sangue.

Ao longo das veias existem válvulas que se fecham à passagem do sangue, evitando que ele retroceda. Mas quando as veias estão dilatadas, as extremidades das válvulas não se tocam e elas fecham mal, deixando o sangue venoso descer e acumular-se nas pernas, o que lhes confere a sensação de peso típica da insuficiência venosa.


Esta circulação deficiente acaba por favorecer a retenção de líquidos, podendo surgir edemas (zonas onde há maior acumulação de líquidos) sobretudo nos tornozelos e nos pés: ficam inchados e a sensação de peso aumenta.



Aliás, os pés sofrem duplamente: por um lado, suportam todo o peso do corpo e, por outro, costumam estar confinados a calçado que nem sempre é confortável e adequado ao esforço que lhes é exigido.

Culpa da vida moderna e não só

Existem veias superficiais e profundas e assim varizes destas veias. Quando as veias profundas estão afectadas, a dilatação não é visivel do exterior, sendo então a sensação de peso e edemas as manifestações evidentes que devem ser alvo de consulta médica.



São várias as causas, nomeadamente associadas às condições de vida modernas.
O sedentarismo é o primeiro dos culpados, quer porque se pratica pouco ou nenhum exercício físico, quer porque as actividades laborais implicam que se passe muito tempo sentado ou em pé. Além disso, cada vez se viaja mais, o que corresponde a períodos prolongados de inactividade - no banco do automóvel ou no do avião, sem espaço para estender as pernas, o resultado é o mesmo...



A juntar a estes factores está a tendência para exposições excessivas ao sol, sabendo-se que o calor agrava a insuficiência venosa.

Uma alimentação deficiente e o excesso de peso - geralmente interligados - são outras das causas da dilatação das veias. O mesmo acontece com as alterações hormonais femininas, devido à toma da pílula contraceptiva ou à gravidez. Este é, aliás, um período de risco para muitas mulheres, que vêem as pernas inchar e denunciar varizes. A responsável por este fenómeno é uma hormona chamada progesterona, que prepara o útero para os nove meses de gestação e, ao mesmo tempo, dilata as veias. No final da gravidez, o útero duplica de volume e comprime as veias da bacia, agravando a pressão sobre as pernas.

Outro elemento que predispõe à insuficiência venosa é a hereditariedade: se os dois pais sofrem de problemas circulatórios, o risco de sofrer do mesmo ascende a 70%, diminuindo para 40% se apenas um dos progenitores for afectado.

Comer melhor, mexer-se mais

Perante estes factores agravantes, facilmente se percebe que é possível prevenir a insuficiência venosa.

Naturalmente que na hereditariedade não se pode interferir, mas as restantes causas podem ser modificadas: consegue-se poupar as pernas ao sofrimento com um estilo de vida mais saudável.

Impõe-se desde logo uma alimentação tão equilibrada quanto possível, em que as gorduras tenham apenas o lugar necessário (elas fazem falta ao funcionamento do organismo e só em excesso são prejudiciais) - assim se evita ganhar peso e, eventualmente, se consegue perder quilos que estejam a mais. Com moderação devem ser também consumidos os açucares e os alimentos processados industrialmente, devendo ser privilegiados os alimentos frescos. Fibras, que se encontram nos cereais, e anti-oxidantes, fornecidos pela fruta e pelos legumes, devem também fazer parte do regime alimentar e em abundância.

Cuidar da saúde dos músculos também é fundamental: músculos tonificados são a base do retorno venoso. Assim sendo, há que exercitar as pernas - caminhar diariamente é o primeiro dos passos, uma hora de preferência.




Nadar também ajuda. Os saltos do calçado feminino não devem ser excessivamente altos nem rasteiros. E no trabalho há que mudar de posição com regularidade, evitando cruzar as pernas e aproveitando todas as pausas para andar um pouco.




Contudo, nem sempre estes cuidados são suficientes para proteger as veias. Quando a sensação de pernas pesadas se repete com frequência, pode ser necessário usar as chamadas meias de descanso ou recorrer a medicamentos flebotónicos.




Entre uma e outra alternativas, todos os métodos que ajudem o sangue a subir são positivos, das massagens à ginástica vascular numa bicicleta aquática, das curas termais à talassoterapia. O que é preciso é não deixar que a insuficiência venosa avance.



Líquidos presos

A retenção de líquidos anda normalmente de mãos dadas com as pernas pesadas, embora se possa estender a outras partes do corpo. Nas mulheres acontece com regularidade pois ocorre em simultâneo com o período menstrual: é normal que, nesta altura do mês, haja um aumento de peso por influência das hormonas, mas passa rapidamente pois a reacção normal do corpo é eliminar o excesso de líquidos.

Outro factor que favorece a retenção de líquidos é uma alimentação abundante em sal. O sal é importante para o equilíbrio hídrico do organismo, mas um grama por dia é suficiente: tudo o mais acaba por ficar acumulado, provocando inchaço dos tecidos.


Um risco que se corre sobretudo quando a ingestão de água é insuficiente para manter o corpo hidratado e os tecidos lubrificados. Litro e meio a dois litros diários é a quantidade média recomendada, mas que deve ser adaptada às condições de cada pessoa e do seu ambiente - à actividade física e ao clima, por exemplo. Uma pessoa que transpire ou urine muito precisa de mais líquidos por comparação com outra que dispenda pouco esforço físico. Nos dias de calor também é necessário beber mais.

Não é preciso que seja exactamente água: chás, infusões e sopas também ajudam a manter o equilíbrio, somando-se à água que os alimentos fornecem e à que o próprio organismo produz em função das suas reacções metabólicas.


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